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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PERMITAM QUE EU SEJA FRANCO DESDE O INÍCIO

Aproveitando o gancho do post de apresentação, deixo aqui a fonte de onde tirei o trecho destacado. Trata-se da peça "The Libertine", de Stephen Jeffreys, que traduzi há alguns anos e pretendo montar futuramente. Esta peça londrina, que conta a história de John Wilmot (II Conde de Rochester), ficou mais famosa por sua versão cinematográfica estrelada por Johnny Depp. Eis o prólogo:

"Permitam que eu seja franco desde o início: não vão gostar de mim. Não, eu digo que não vão. Os cavalheiros sentirão inveja e as damas repulsa. Vocês não vão gostar de mim agora e vão gostar menos ainda à medida que prossigamos. Ah sim, eu farei coisas que vão gostar. Vocês dirão ‘Isso foi um nobre gesto seu’ ou ‘Ele demonstrou muita bravura naquele momento’, mas NÃO SE INTERESSEM POR MIM, não vai adiantar. Quando eu me tornar UM POUCO CATIVANTE, será o perigoso sinal que prefacia minha transformação NUM COMPLETO RÉPTIL poucos segundos depois. O que eu peço não é sua afeição mas sua atenção. Eu não devo ser ignorado ou vão me achar um fardo humano tão desagradável como qualquer bêbado do Tamisa. Agora. Senhoras. Um comunicado. Estou pronto para aquilo. O tempo todo. Isto não é uma gabolice. Ou uma opinião. É apenas uma constatação médica. Eu sou um libertino, sabe? E vocês assistirão minhas libertinagens e ansiarão por isso. Não anseiem. Isto causaria problemas e vocês ficarão mais seguras assistindo e tirando suas conclusões de uma distância maior da que estariam com meu membro apontando para suas anáguas. Cavalheiros. Não se desesperem. Estou pronto para aquilo também. Quando estou com ânimo. E vale a mesma advertência. Agora, senhores: se tiverem fantasias, jades, putas (assim como poderiam não ter), deixe-as de lado por um momento. Controlem suas ereções medíocres até que eu tenha dito tudo o que tenho pra dizer. Porém, mais tarde, quando vocês foderem – e mais tarde vocês vão foder, eu espero isso de vocês e saberei se me decepcionarem – eu desejo que fodam com minha imagem fetal chacoalhando em seus testículos. Sintam como isso foi para mim, como isso é para mim e ponderem. ‘Aquele tremor foi o mesmo tremor que ele sentiu? Ele conhecia algo mais profundo? Ou existe algum muro de miséria em que todos nós batemos com nossas cabeças naquele resplandecente e eterno momento.’ Isso é tudo. Esse é meu prólogo, nada rimado, certamente nenhuma declaração de modéstia. Vocês não esperavam por isso, eu sei. Eu reitero apenas para aqueles que chegaram atrasados ou estavam comprando laranjas ou simplesmente não estavam prestando atenção: eu sou John Wilmot, Segundo Conde de Rochester, e eu não quero que vocês gostem de mim."

Johnny Depp durante o prólogo de "The Libertine" (2004)

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