Medíocres de todos os cantos... eu os absolvo.
Com estas palavras, Peter Shaffer encerra sua visão de um medíocre Salieri, doente e apaixonado pela perfeição da criação divina que não pôde destruir: Wolfgang Amadeus Mozart.
Baseado na peça "Mozart & Salieri" do dramaturgo russo Alexander Pushkin, Shaffer alinhava com perfeição sua envolvente versão de uma lenda relacionada à suposta morte de Mozart por envenenamento. Muito se discute sobre isso, aliás, e a versão mais aceita atualmente por historiadores e estudiosos da música erudita é a de que Mozart tenha falecido por febre miliar aguda, sem quaisquer envolvimentos de "agentes externos". Porém, mesmo ficcional, a obra de Shaffer (também autor do excelente "Equus") é um verdadeiro tratado da inveja. E atinge grandiosidade e complexidade comparáveis às grandes tragédias shakesperianas, em especial "Otello": durante todo o filme Salieri me remeteu a Iago (talvez por ambos venerarem, de certa forma, seus antagonistas). A peça ganhou os palcos de Londres em 1979 e Nova York em 1981, arrebatando a maioria dos Tonys. Três anos depois, as mãos do genial Milos Forman são responsáveis por tornar Amadeus, talvez, uma das maiores obras de toda a história do cinema.
Cinematográfica e teatral ao mesmo tempo, a direção de Forman envolve o espectador durante os 160 minutos de espetáculo, com dois atos muito bem desenhados. A direção de arte e a fotografia transformam cada frame numa pintura sempre agradável de se ver. A trilha de Mozart, conduzida brilhantemente por John Strauss, realça cada capítulo do roteiro quase como um narrador paralelo. Em tempo, a versão para DVD traz um recurso que possibilita assistir o filme somente com a trilha sonora, sem texto. Pode ser uma boa experiência. Não sem antes, é claro, assistir o filme completo e apreciar a excelente interpretação de todo o elenco, em especial os protagonistas F. Murray Abraham e Tom Hulce, que concorreram entre si ao Oscar de Melhor Ator pelos papéis de Salieri e Mozart, respectivamente. Destaco também a hilariante participação de Jeffrey Jones (mais conhecido como o diretor rabugento de "Curtindo a Vida Adoidado") como o tapado Imperador Joseph II.
Todos estes elementos fazem de Amadeus (ou Amado de Deus, para total insatisfação de Salieri) uma obrigatória película para ser vista e ouvida por todos.
AMADEUS
(Amadeus)
Lançamento: 1984 (EUA)
Direção: Milos Forman
Elenco: F. Murray Abraham, Tom Hulce, Elizabeth Berridge, Simon Callow, Roy Dotrice, Christine Ebersole, Jeffrey Jones, Charles Kay e Kenny Baker
Gênero: Drama
SINOPSE:
Após tentar se suicidar, Salieri confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus.
Trailer de Amadeus (1984)
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