Como vem bomba por aí, antes de mais nada vou listar alguns bons motivos para assistir Garoto Cósmico:
1. É um longa de animação genuinamente brasileiro, feito por uma equipe pequena, mas muito competente. É inegável a qualidade na animação de todos os personagens e cenários do filme, e quase tudo feito a mão!
2. Primeiro trabalho de Raul Cortez como dublador, e último de sua carreira.
3. Excelente trabalho musical do compositor Gustavo Kurlat, com algumas canções interpretadas por Arnaldo Antunes, Vanessa da Mata e Belchior, e outros números instrumentais de uma criatividade belíssima.
4. O roteiro é um "tapa com luva de pelica" na automatização provocada pelos avanços tecnológicos.
Por todos os prós listados acima, deveria dizer que é obrigatório assistir esse desenho animado. Nem que fosse pelo menos para incentivar a produção nacional deste gênero.
Mas, como nem tudo são flores, vamos aos contras. Garoto Cósmico tem um grave problema de ritmo que transforma seus 77 minutos de duração numa eternidade quase insuportável. Eis algumas razões:
O diretor e roteirista Alê Abreu, grande responsável por essa obra, é excelente em ilustração e animação. Mas deixa (muito) a desejar em roteiro e interpretação. Seu roteiro tem falhas graves ao negar a tecnologia (que ele mesmo usou para a produção deste longa, visto que todo o processo a partir da arte-final foi feito em computador) e confrontá-la com elementos ultrapassados e distantes do universo infantil (e do adulto também), como gramofones e realejos.
Outro problema grave é o processo de criação deste filme. Normalmente, numa animação, a primeira coisa a fazer é gravar as vozes de todos os personagens centrais em estúdio, com a devida direção, já que são eles que sustentarão a trama. Depois disso que é feita toda a animação propriamente dita. Alê Abreu parece seguir o caminho inverso, desenhando e animando todo o filme, para que depois o elenco (literalmente) encaixasse suas vozes. Este método ultrapassado foi usado em longas como "Branca de Neve e os Sete Anões" e compromete todo o ritmo do filme, deixando o elenco engessado numa fôrma, sem muito espaço para criar e salvar a obra.
Além disso, Alê Abreu bem que poderia dividir sua direção com alguém mais competente em interpretação e que realmente entendesse de criança. Dirigir elenco de dublagem é para poucos, e estes poucos devem, antes de mais nada, entender de direção de ator. Fazer qualquer trabalho direcionado ao público infanto-juvenil exige conhecimento total sobre a criança e seu ritmo, o que agrada e o que não agrada, sob pena de ter seus pequenos (e importantes) pimpolhos correndo feito loucos pelos corredores do cinema durante toda a sessão. Pois ele não possui nenhum desses talentos e, por essa razão, Garoto Cósmico resulta num desenho chato e fadado ao esquecimento. Uma pena.
GAROTO CÓSMICO
(Garoto Cósmico)
Lançamento: 2007 (Brasil)
Direção: Alê Abreu
Elenco: Aleph Naldi, Bianca Rayen, Mateus Duarte, Raul Cortez, Wellington Nogueira, Márcio Seixas, Vanessa da Mata, Belchior e Melina Anthis
Gênero: Animação
SINOPSE:
Cósmico, Luna e Maninho vivem em um mundo futurista, onde as vidas são inteiramente programadas. Uma noite eles se perdem no espaço, enquanto buscam obter mais pontos para ganhar um bônus na escola. Eles então descobrem um universo infinito, esquecido num pequeno circo, onde vivem novas experiências.
Trailer de Garoto Cósmico (2007)
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